quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Cálculos Cervejeiros parte III : Lúpulo, taxa de utilização e IBU

Lúpulo, um post voltado só para ele!
Aqui daremos foco aos cálculos que envolvem o quanto de lúpulo que deveremos dosar durante a fervura, levando em consideração fatores como a sua taxa de utilização, teor de alfa ácidos e volume do mosto a ser lupulado etc.
Recapitulando algumas definições:

Alfa-ácidos: São os precursores do amargor da cerveja, especificamente, humulona, adhumulona e cohumolona. Estes são isomerizados durante a fervura, e convertidos a seus isômeros: iso-humulona, iso-adhumulona e iso-cohumulona, solúveis no mosto. É expresso em % (mg de alfa ácido/100 g de lúpulo). É um dado importante que cada variedade de lúpulo carrega em sua embalagem; Quando expostos ao ar, oxidam rapidamente e passam a ser insolúveis, perdendo suas capacidade de utilização;

Beta-ácidos: São três, lupulona, adlupulona e colupulona e não são isomerizados durante a fervura, logo, não são solúveis no mosto. Entratanto, se sofrerem oxidação, tornam-se solúveis. Sempre vi como um dado, quase que desnecessário;

Taxa de utilização: É a quantidade de alfa ácido que de fato consegue ser isomerizado durante a fervura, expressa em porcentagem. Varia de acordo com o momento da fervura em que determinada quantidade de lúpulo é adicionada; Além disso, o aumento da taxa de utilização depende de fatores como:

- Vigor da fervura. Uma temperatura de fervura maior favorece o aumento da taxa de utilização;
- Uso de pellets relação à flor. Em pellets, os grânulos de lupulina sofrem maior exposição durante o processo de peletização, o que aumenta, e muito, a superfície de contato;
- Quando a densidade do mosto for menor;
- Quando a quantidade de lúpulo for menor;
- Quando o pH aumenta, entretanto, a qualidade do amargor é inferior em relação ao que é extraído a pH menor.

Obs: Uma curiosidade, é que a taxa de utilização também depende da altitude. Por exemplo: em regiões altas, a água ferve abaixo de 100°C, logo temos um menor aproveitamento no nível de isomerização.

International Bitterness Unit (IBU). É uma unidade padrão que mede a concentração de iso-alfa-ácidos em miligramas por litro (ppm). Como ponto de referência, 1 BU corresponde a 1 miligrama de compostos de amargor dissolvidos em 1 litro de líquido (mosto ou cerveja). O limiar sensorial de percepção do amargor na cerveja é de 4 BU, enquanto que o limite de saturação (solubilidade) de iso-alfa ácidos na cerveja não passa de 100 BU;

BU:GU ratio ou razão BU:GU. É a razão das unidades de amargor (IBU) pelas unidades de gravidade para um cerveja em questão. Exemplo: IBU=70 e OG=1.060, BU/GU= 70/60, portanto BU/GU= 1.16; Esse resultado indica que a cerveja possui um equilíbrio tendendo ao amargor mais destacado. A razão varia de 0,2 a 1, onde para 0,2 indica que a cerveja é mais maltada e 1 indica que a cerveja é mais lupulada, 0,5 é indica o equilíbrio entre maltada e lupulada;

Foto 01: Plantação de lúpulos na Alemanha, 2014. Créditos:Eduardo Sampaio

Voltando para o nosso exemplo de Weissbier, onde temos 26 litros de mosto pronto que devem estar lupulados ao final da fervura. Estabeleci um amargor de 12 IBU´s, logo com uma razão BU/GU (12/50) igual a 0,24. 

Escolhi a lupulagem abaixo:

Hallertau Magnum 13,9% AA a 60 min (início da fervura)
Hallertau Mittelfrüh 4,2% AA a 0 min (Whirpool)

Com os tipos de lúpulos, seus teores de alfa-ácidos (%AA), volume de mosto e IBU desejado, podemos obter a quantidade exata de lúpulos de acordo com o seu momento de adição na fervura, conforme a equação abaixo:

Mg de lúpulo = (IBU desejado x Litros mosto)/ (%U x %AA)

onde,

Mg de lúpulo = miligramas de lúpulo
IBU desejado = 12 IBU
Litros de mosto = 26 L
% U = taxa de utilização (de acordo com a Tabela 01)
%AA = teor de alfa-ácidos

Tabela 01: Taxas de utilização conforme o tempo de lupulagem

Determinando a quantidade de H. Magnum:

Mg de H. Magnum = (12 x 26)/ (0,3 x 0,139)

Mg de H. Magnum = 7482 mg,

logo, serão aproximadamente 7,5 g de H. Margnum adicionados a 60 min (início fervura)



Determinando a quandidade de H. Mittelfrüh:

Como esse lúpulo é adicionado durante o whirpool, considerei que seu impacto é somente para o aroma (leve, floral e cítrico). Por isso, achei razoável estabelecer para essa receita a quantidade de 20 g desse lúpulo.

Por outro lado, a isomerização ocorre acima de 82°C. Com isso, no pior dos casos, adotando uma taxa de utilização dessa lupulagem de whirpool em torno de 10%, visto que entre o tempo de desligar o aquecimento até o início do resfriamento para trasfega do mosto ao fermentador, temos que 3 IBU´s podem ser extraídos dessas 20g de H. Mittelfrüh, conforme segue:

IBU = (mg de lúpulo x %U x %AA)/ Litros de mosto

onde,

mg de lúpulo = 20000 mg de H. Mittelfrüh
%U = taxa de utilização estimada em 10%
%AA = Teor de alfa-ácidos

IBU = (20000 x 0,1 x 0,042)/ 26

IBU = 3 (aproximadamente)


Com esse resultado os 3 IBU´s não impactam negativamente na cerveja, visto que o limiar sensorial para se perceber o amargor está a partir dos 4 IBU´s. É, faz sentido!


O ideal: 

>Realizar análise de IBU somente para os lúpulos adicionados durante o Whirpool para determinar a taxa de utilização;

>Abaixar a temperatura durante o whirpool para 80°C e despejar os lúpulos! (Procedimento que já fiz nas panelas e que dá muito certo)

>Armazenar teus lúpulos de forma adequada, longe de calor, luz, ar e umidade, pois estes fatores favorecem a diminuição do teor de alfa-ácidos, consequentemente a taxa de utilização do lúpulo será menor e teus cálculos, na prática, não valerão de nada. Então mantenha o lúpulo com sua embalagem selada (livre do oxigênio) e estocada no freezer.



E aí, o que sugerem para o próximo post?


Um brinde!


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Cálculos Cervejeiros parte II: Relação água:malte, água de lavagem e taxa de evaporação


Para a receita anterior, de Weissbier, estabeleci uma relação de água:malte em 2,6, ou seja, para cada quilo de malte utilizarei 2,6 litros de água, mas poderia utilizar qualquer outro valor dentro dos limites de 2 a 5 litros de água para cada quilograma de malte. 




Passo 1: Determinando a quantidade de água em litros para mostura

Com a quantidade de malte e a relação água:malte escolhida chegamos a 14,8L, aliás, 15 litros para simplificar de uma vez (200 mL acima não fará tanta diferença):

Kg malte: 5,695 Kg
Relação água:malte: 2,6 L água/ Kg de malte

Água primária = Kg malte x Relação água:malte

Água primária = 5,695 Kg malte x 2,6 L água/ Kg malte

Água primária = 15 Litros

Plano de mostura: 

Rampas: 50°C 10 min; 
               67°C 45 min; 
               72°C 15 min; 
               78°C 10 min

Ao final da mostura, medir o extrato primário em refratômetro para constatar a conversão do amido em açúcar. O valor de extrato primário deve corresponder à razão água:malte utilizada, aproximadamente 22,85 °P, conforme a Tabela 01. Em paralelo, realizar teste do iodo.


Tabela 01: Razão água:malte e o extrato primário correspondente

Aproveitando a oportunidade, já calcularemos a que temperatura em que água primária deve estar antes de iniciarmos o processo de mostura, pois assim não se perde tempo. Ela é definida como Strike water temperature (SWT):

Dados:
Kg malte = 5,965 Kg
T°C desejada = 50°C (Temperatura que desejamos iniciar a mostura)
Kg de água = 15 Kg (assume-se que 1 L de água = 1 Kg)
T°C malte = 20°C (Temperatura ambiente em que o malte se encontra)


SWT = {[((0.4 x Kg malte)+Kg água) xT°C desejada] - (0,4xKg malte x T°C malte)}/ Kg água

SWT = {[((0.4 x 5,695)+ 15) x 50°C] - (0,4 x 5,965 x 20°C)}/ 15

SWT = 54,5°C 

Agora é aquecer 15L de água a 54,5°C, desligar o fogo, arriar os maltes moídos e homogeneizar a mistura para que a rampa proteolítica comece a 50°C! 

Obs: 0,4, corresponde à capacidade calorífica do grão, ou seja, 1 Kg de grãos só mantém 40% do calor do que 1 Kg de água mantém.


Passo 2: Revendo dados importantes

Já sabe qual é o valor estimado para sua perda de trub? 
Quantos litros sua fervura evapora em 60 minutos? 


Meus dados:

Perda de trub: 5L
Evaporação horária % (60min): 23,5% 
Volume evaporado: 8L

Uma taxa de evaporação média (para 60 min de fervura) que eu tenho notado em sistema homebrewer gira em torno 20%. Porém, meu sistema chega a 23,5%. Realmente é uma fervura bem vigorosa!
Além do mais, é importante sabermos qual é o volume de mosto a 20°C que desejaremos antes de inocular o fermento, já com todas as perdas descontadas. Portanto, vale lembrar que antes de se chegar a 20,16 L (resultado final do post anterior), descontamos o volume da perda de trub (5L) e a dilatação térmica (4%).


Passo 3: Determinando a quantidade de água de lavagem

Uma dica inicial é estabelecer qual é a quantidade de água que o bagaço de malte retém, pois isso, por mínimo que seja, influencia no processo. Geralmente, os valores encontrados em literatura variam de 80 a 100% de retenção de água. Logo, nos cálculos estou utilizando 80% de retenção. O valor da retenção é convertido diretamente de peso para volume:


5,965 Kg malte x 0,8 = 4,56 L de água retida


Essa é a equação para determinar a quantidade de água de lavagem:

Água de lavagem = V pre-boil + Vbagaço - V água primária


Temos todos os dados, exceto o Volume pré-boil (V pre-boil), que determinamos conforme segue:

V pré-boil = Volume mosto a 20°C / Eficiência geral %

V pré-boil = 20,16 / 0,588 

V pré-boil = 34 L (aproximadamente)

Portanto, 

Água de lavagem = 34 L + 4,56 L - 15 L

Água de lavagem= 24 L (aproximadamente) de 76°C a 78°C


Passo 4: Medir volume e densidade pré-boil

Para medir o volume pré-boil adequadamente sugiro utilizar uma régua com as marcações volumétrica ou senão a velha e boa equação do cilindro V= π r2 h, onde você precisará medir o raio (r) e a altura em que a superfície do mosto se encontra em sua panela (h), lembrando que todas as medidas devem estar em metro. O resultado se multiplica por 1000 e teremos o volume em litros.
Pegar a medida de densidade pré-boil com refratômetro.


Passo 5: Estimando a densidade pré-boil

Esse passo pode ser feito no momento em que estabelecer qual será a OG de sua cerveja. Destaco por aqui para que tiremos uma prova real de que o cálculo realmente faz sentido.

Dados:

OG desejada= 12,5 °P
Volume post boil= 26L 
Volume pré-boil= 34L

Densidade pré-boil= (OG desejada x Volume post boil)/ Volume pré boil

Densidade pré-boil = 9,56°P


Esse valor é quase que 3°P abaixo da OG de 12,5°P, o que nos mostra que deveremos estar atentos à taxa de evaporação que deve ser vigorosa e fazer jus aos 23,5%. Por isso, é essencial conhecer bem o teu equipamento para que seu processo seja consistente.


Tabela 02: Dados dos cálculos da Weissbier

Não adicionei nenhuma informação com relação à lupulagem, por isso é o assunto para o próximo post, onde aproveitarei para falar um pouco sobre os cálculos de amargor, taxas de utilização etc. 
Saúde!

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Cálculos Cervejeiros: Como adequar sua grainbill

Qual cervejeiro não gostaria de fazer uma cerveja e saber o quanto, exatamente, usar de maltes em sua grainbill para chegar no volume e densidade esperada para sua receita?

Como adequar sua grainbill.

É aí que entra a essência dos cálculos cervejeiros!
Vale lembrar que a partir do momento que os cálculos passam a entrar em vigor, é importante, e muito, registar todo o histórico de sua produção com cada detalhe como eficiência da brassagem, eficiência geral, perdas com relação ao equipamento, taxa de evaporação, nível de moagem, etc.

Destaco aqui a importância de se conhecer o próprio equipamento para que o cervejeiro possa galgar e alcançar o seu objetivo exposto nas entrelinhas de seus cálculos descritos no papel. Assim, com resultados consistentes teremos uma cerveja mais consistente!

Mudou o equipamento, mudou a forma de se fazer cerveja. Isso é fato!
Se o cervejeiro nunca produziu em tal equipamento, mais uma vez se faz importante a anotação de todos os dados. Isso é muito relevante, pois se houver erros (e vai ter), o cervejeiro vai saber contornar e passar a utilizar cada vez mais a base de cálculo necessária para chegar ao seu objetivo. Além disso, deve-se ter o dom de prever qualquer coisa que possa acontecer antes, durante e depois. Todo esse cuidado é baseado no conceito de que se mexer aqui o impacto pode ser ali e/ou lá na frente. É o que a teoria do "cobertor curto" me ensinou e que eu venho aplicando até hoje!

Questão 01:
Estou com um equipamento novo ou eu nunca produzi. Quais são os caminhos para acertar a mão e deixar nossa querida levedura fazer o seu trabalho mais feliz e da forma que imaginamos?

1) Antes de pensar em qualquer grainbill, corra lá rapidinho e encha a panela de fervura com água até cobrir o nível da válvula de escoamento do mosto. Abra a válvula e deixe a gravidade fazer o que lhe convém. Quando parar de sair água, feche a válvula e transfira a quantidade de água remanescente em um balde, de preferência, com escala de volume. Pronto. Esse é o primeiro dado a se registrar. O quanto de perda permanece na panela de fervura. É com essa quantidade de perda que, inicialmente, nos baseamos para podermos compensá-la produzindo uma maior quantidade de mosto e assim vertê-lo em quantidade estimada para o fermentador (Lógico que outras variáveis estão presentes como evaporação e dilatação do mosto, as quais serão destacadas mais adiante).

2) Formulando a grainbill:
    Com o estilo estabelecido devemos conhecer cada composição posta na receita. Cada malte e  insumo tem suas informações para realizarmos o cálculo de maneira mais eficaz. Aqui ressalto a receita com uma composição de 100% malte.
   Cada malte possui um laudo com suas informações quanto à nível de rendimento, diferença de extrato moagem fina e grossa e umidade.
Basicamente, temos, de uma forma geral, os seguintes dados compilados para cada tipo de malte. a seguir:

Dentro de uma grainbill temos vários objetivos, dentre eles, a quantidade de extrato, a qual virá do emprego de maltes bases como o pilsen, pale ale, vienna e munich, por exemplo, primeiramente.
Exemplificação:

Vamos fazer 25L de mosto de uma cerveja de trigo a 12,5°P (1,050) de OG e no momento temos disponíveis somente os maltes tipo Pilsen e Trigo. Para termos certa precisão nos cálculos precisamos saber ao menos dois valores que, com certeza, constam em laudos do fornecedor de maltes:
  • % extract cg, db (extrato moagem grossa, em base seca)
  • % umidade 
Se você ainda não conhece a eficiência do seu processo, no começo, sugiro adotar o valor de 75%. Ao logo de suas produções a eficiência deverá ser ajustada, pois aí existirá um histórico que determina a característica de seu equipamento.

Na imagem abaixo compilei os valores na planilha de Excel para que os cálculos fiquem ainda mais práticos e de fácil entendimento.

Os dados que temos inicialmente de como adequar sua grainbill são:
  1. Volume de mosto (Já estimado com a perda de trub, que aqui no caso são 5L)
  2. Extrato desejado (em °P e sua conversão para densidade, ex: 1,050)
  3. Eficiência de Brassagem
  4. Tipos de maltes na granbill e sua % (no caso 50/50)
  5. %Extract cg, db
  6. %Umidade
Qual o objetivo? 

Objetivo é determinar qual é a quantidade dos maltes pilsen e trigo que usaremos para fazer essa receita, assumindo uma eficiência de 75%. Dessa forma poderemos usar a quantidade ideal de malte para alcançar nosso objetivo. Só estou assumindo que não desejo pôr mais malte, aliás, DME e/ou água para acertar OG, por mais que seja algo normal durante os fabricos. O negócio aqui é entender a essência dos cálculos.

Tabela 01: Planilha de dados para o cálculo cervejeiro; Quantidade de grãos


Determinando a quantidade de maltes:

1) Malte Pilsen

Peso do malte Pilsen =(% grainbill*Volume de mosto (L)*Extrato desejado °P* SG)/ 
                                                                 (%extract cg,db*(1-%umidade)*Eficiência Brassagem %


Peso do malte Pilsen = (0,5* 25L* 12,5°P* 1,050)/ (0,8*(1-0,048)*75)

Peso do malte Pilsen = 2,882 Kg = (E2*B2*B4*B5)/(F2*(1-G2)*B6)


2) Malte de Trigo

Peso do malte Pilsen = (0,5* 25L* 12,5°P* 1,050)/ (0,81*(1-0,04)*75)

Peso do malte Pilsen = 2,813 Kg =(E3*B2*B4*B5)/(F3*(1-G3)*B6)


Obs: Quando se trata de % assuma valores decimais para os cálculos. Abri uma exceção para o a eficiência (75%), mantive o valor como 75 e não 0,75, somente para simplificar. O mesmo vale para o valor em °Plato, pois se trata também de uma porcentagem já que sua unidade é peso/peso. Em azul estão as fórmulas da planilha do exemplo.

Temos então que o total da grainbill corresponde a 5,695 Kg.

Conclusão 1: A quantidade de cada malte foi diferente e não conforme 50/50, o que mostra que os valores de %extract cg,db e %umidade, que são distintos conforme o tipo de grãos, influenciam na quantidade dos mesmos que deverão ser utilizados na receita.


Determinando a Eficiência de brassagem:

Olhando para a imagem que segue abaixo, temos os passos 1 e 2.

Passo 1: É a eficiência geral, aquela que é determinada pela quantidade em Kg de extrato calculado para se chegar ao objetivo sobre a quantidade de malte que você efetivamente começou o processo. Simplificando, são os Kg de extrato/ Kg de grãos.

Eficiência geral= (Volume de mosto* densidade* plato em decimal)/ Kg de grãos

Eficiência geral=(25L*1,050* 0,125)/ 5,695 Kg de grãos

Eficiência geral= 58% (aproximadamente)

Passo 2: Eficiência da brassagem é quantidade de extrato adquirida, levando em consideração dois outros fatores que afetam o processo, como a qualidade de moagem e umidade dos maltes, expressos pelos valores de % extract cg, db e % umidade, que correspondem a 80,4% e 4,4%, respectivamente.

Tabela 2: Planilha de dados para cálculo cervejeiro; Eficiência de Brassagem

Eficiência de Brassagem = 0,58/ 0,804* (1- 0,044)

Eficiência de Brassagem = 0,75 *100 = 75%

Obs: O valores de %extract cg, db e % de umidade foram estabelecidos como 80,4% e 4,4%, respectivamente, assumindo que estes valores são as somas das parciais, conforme consta na Tabela 01.


Dicas complementares de como adequar sua grainbill:

1) Conhecer sua perda de trub em volume;
2) Conhecer a tava de evaporação de seu equipamento em %;
3) Conhecer o volume e OG antes e depois da fervura;
4) O mosto quente possui uma dilatação de 4%, portanto para determinar o volume de mosto a 20°C, subtraia o volume de perda de trub do volume pós fervura e multiplique esse resultado por 0,96. 
Exemplo :

V mosto pós fervura= 26L               (26-5)*0,96 = 20,16L de mosto a 20°C
V perda de trub= 5L
Dilatação =4%

5) Beba cerveja!
6) Dúvidas? Estou à disposição!
                         

No próximo post, ainda sobre cálculos cervejeiros abordarei a quantidade água:malte para essa receita para chegarmos também aos valores de taxa de evaporação e estimar qual poderá ser a OG pré-boil, que também fazem parte do caminho para se chegar a OG esperada.




domingo, 3 de março de 2013

Circuito de Cervejas e Pratos gaúchos 2013

O que acha de ter o prazer de degustar boas cervejas locais e harmonizá-las com os práticos típicos da região?

É o que está acontecendo em Porto Alegre, nos meses de março à abril.

A novidade está sendo promovida pelo Grupo de Trabalho (GT) de Gastronomia do Governo do Estado, em parceiria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa), através da Câmara Setorial das Bebidas Regionais, contando com o apoio da Associação Gaúcha de Microcervejarias e das Escolas de Gastronomia de Porto Alegre e Região.  



A relação dos bares e restaurantes que estão aderindo à causa segue abaixo:


É oportunidade do consumidor conhecer as boas cervejas que estão sendo fabricadas na região, o que de certa forma fortalece ainda mais a Cultura Cervejeira, sem falar que as percepções e sensações vêm muito mais à tona, pois são produtos frescos, com sabores e aromas em seus mais altos graus de informações sensoriais.
Ah! E de quebra o interessado em degustar a harmonização sugerida leva um copo personalizado do bar/restaurante e da cervejaria!

Agora é aproveitar!
Um brinde às boas cervejas!


Cerveja Wallace Amber Ale da Cervejaria Seasons harmizando com Focaccina Mafiosa do Boteco Mafio
 




segunda-feira, 30 de julho de 2012

Bier tour Rio Grande do Sul - Parte V (Santa Cruz do Sul-RS)

Dia 11 de dezembro de 2012,

De Dois Irmãos para Santa Cruz do Sul.
Logo cedo rumamos a Santa Cruz do Sul, a qual é conhecida por ter a segunda maior Oktoberfest no Brasil. Chegando lá, fomos recepcionados pelos proprietários da Cervejaria HBier, Henrique Dopke e Augusto à frente de uma brassagem de Pale Ale acompanhada de um digno churrasco gaúcho e aquela saborosa Pale Ale direto do barril. O dia estava mais do que firme para acompanhar a brassagem.
HBier possui belíssimos equipamentos e foi constatado, pelo menos na época, que sua produção de 400L por leva se dava em uma área de apenas 16m2 com capacidade mensal de 1000L. Nada otimizado, né? Muito interessante, isso sim!
Bem me lembro do momento em que cheguei e nossos amigos Cervejeiros Henrique e Augusto logo me disseram: - Não repara muito não! Estamos no início e é tudo muito simples! E eu já olhando para dentro da sala de processo disse: - Imagina! Não tem porque se preocuparem com isso, pois as melhores coisas da vidas são simples!  Além disso, não sou ninguém para julgar a estrutura, apenas estava ali como mero forasteiro, um forasteiro encantado eu diria. No entanto, senti humildade dos caras e isso já é fator de sucesso para qualquer cervejeiro, HUMILDADE.
Espero retornar para Santa Cruz do Sul um dia e ver a expansão da HBIER. Um grande abraço a todos da família HBier!!!







Não muito tempo depois, durante a visita, brassagem e churrasco na HBIER, eis que o Cervejeiro da Heilige aparece, Paulo Sarvacinski.
Rapidamente demos um "bate e volta'' para a Heilige e conhecer suas instalações. Logo na entrada já foi possível me surpreender com o ambiente que a cervejaria recebe seus visitantes. Com a decoração bem estilosa nos faz sentir em casa, mesmo! A poucos passos dali, ao lado, a sala de processo!
 
Degustamos Pale Ale, Pilsen em maturação e especialidade de uma última garrafa de Heilige Oktoberfest. E que cerveja! Gostei muito dessa última, pois me marcou muito o seu perfume, cremosidade de espuma e sabor sutil, conquistando o degustador a cada gole. Hoje a Heilige possui uma capacidade de 25 mil litros.






Agradeço ao Paulo pela oportunidade de visita à Heilige e por poder conferir diretamente da fonte as sensações prazerosas  de suas cervejas! Obrigado!! Prosit!


Santa Cruz do Sul - Venâncio Ayres - Porto Alegre   

Ali na HBIER estava conosco o homebrewer Gustavo Eidt, cervejeiro desde 2006, com sua Cervejaria Bruxaria. Na volta aproveitou a oportunidade de carona para seu reduto. Aliás, vale acrescentar que a oportunidade foi aproveitada por nós, pois não estava no script mais uma cervejaria. Bah! A Bruxaria está com produções de Weiss, Weizenbock, Amber Ale e DoppelBock. Todas me agradaram, mas um em especial, a DoppelBock. Essa para mim foi sem comentários, com ótima drinkability e equilíbrio no corpo! 




 Por fim, finalizo por aqui com um pedido de desculpas ao pessoal devido ao atraso da postagem de todo o conteúdo do Bier Tour no Rio Grande do Sul. Só agora tive a oportunidade de atualizar os posts, pois os motivos são, assim como os próprios posts, nobres, ou melhor, cervejeiros.


 

domingo, 29 de julho de 2012

Bier Tour Rio Grande do Sul - Parte IV (Alenda Bier)

De Porto Alegre para Dois Irmãos e Morro Reuter!

Enfim chegou o tão esperado momento, o berço da nanocervejaria totalmente voltada à produção de cervejas de trigo e que preza pela autenticidade das cervejas alemãs, seguindo a tradicional Lei da Pureza da Baviera de 1516, em alemão, Reinheinsgebot. 
É necessário encher o copo para falar dela, pois só assim damos ótimos motivos para descrever aqui suas especialidades, Alenda Bier!
Com ambiente privilegiado e inspirador a Alenda Bier, a cada dia que passa, ganha seus fiéis amantes, pois é uma cerveja produzida com muita dedicação e alma. Em suas instalações pude degustar a Weiss junto de um ótimo bate-papo com os amigos Eduardo Unterleider e Dulce Unterleider, apreciando a bela paisagem naquela tarde de sábado.





Naquela oportunidade eu não havia degustado ainda a Alenda Dunkelweizen. Não deixa nem um pouco a desejar. Lembra muito caramelo, bala toffee e tem corpo e espuma muito bem definidos. Esta eu conferi diretamente do Beneditto Bistrô, que por sinal tem belíssimas instalações e pratos que harmonizam muito bem com cervejas. Parabéns ao Chef Gustavo!

Por fim terminamos o dia bem cansados, porém muito satisfeitos com as oportunidades de conhecimento e troca de informações! Aos cervejeiros que nos disponibilizaram suas agendas, meu muito obrigado! 

11/12/2011   02:07 am
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
*Recentemente a Alenda lançou sua Rauchweizen, um estilo não muito conhecido por aqui no Brasil e que deve ser interessantíssimo. Confira aqui

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Bier Tour Rio Grande do Sul - Parte III (Cervejaria Seasons)

Da Barley, parada obrigatória para repor as energias em um excelente almoço em São Leopoldo. Logo em seguida o destino foi Porto Alegre, na Seasons Craft Brewery!
 
Pelos ambientes virtuais, já tinha "ouvido" falar da Seasons, mas sem muitos detalhes, apenas um! A Cervejaria gaúcha é responsável pela produção de uma bela American IPA, a Green Cow - conhecem? Essa cerveja faz jus ao estilo advindo da terra do tio Sam que, por sua vez, é derivado do estilo inglês India Pale Ale, onde o amargor é bem pronunciado devido a presença em massa do lúpulo e, acreditem, possui  uma ótima drinkability, ao contrário do que muitos pensam por ter grande quantidade de lúpulo em sua composição. A Green Cow foi muito bem elogiada pelo presidente do BJCP, Gordon Strong, em sua vinda ao Brasil no Festival Brasileiro de Cerveja em 2011, fato comentando pelo Cervejeiro e Proprietário da Seasons, Leonardo Sewald, que nos recebeu de braços abertos em suas instalações!

Edu Unterleider (Alenda Bier), Leonardo Sewald (Seasons) e quem vos escreve!

Atualmente, a Seasons produz 3.800 L/mês e prospecta, para daqui 5 anos, aumentar sua capacidade em até 70%, segundo informações dadas pelo próprio Sewald, que é um profundo conhecedor e difusor de informações pertinentes aos processos, com um feeling aguçado e que pôde, praticamente, dar uma aula de propagação de fermento, enquanto nos mostrava suas instalações como o laboratório e sala de processo.
São 3 cervejas da Seasons (fora as Sazonais), conforme imagens abaixo:

Mais informações visite: www.cervejariaseasons.com.br

Mais informações visite: www.cervejariaseasons.com.br

Mais informações visite: www.cervejariaseasons.com.br

À Seasons meus agradecimentos pela recepção, pelo bate-papo e pelas cervejas! Espero voltar a POA e visitá-los novamente! Sucesso e infinita criatividade!
 A Seasons se encontra na Rua Angelo Dourado, 185 - Anchieta, Porto Alegre-RS. Seu lema é: "START A REVOLUTION, DRINK BETTER BEER".

*Está afim de uma Seasons? Recentemente, a cervejaria gaúcha e a Importadora Tarantino firmaram parceria na distribuição para o Estado de São Paulo. Para saber os distribuidores no Rio Grande do Sul clique aqui.


sábado, 21 de janeiro de 2012

Bier Tour Rio Grande do Sul - Parte II (Cervejaria Barley)


                  No dia 10 de dezembro de 2011 visitamos 3 cervejarias.O dia realmente foi DEZ! Comecemos aqui pela Cervejaria Barley.
                 
              Rumamos logo cedo para Capela de Santana na expectativa de conhecer a Cervejaria Barley, tudo em belo dia ensolarado. Em meio a um ambiente gostoso e bem receptivo, lá estava a Cervejaria Barley com seus quase 20 anos de atividades – sua inauguração de deu em 21 de agosto de 1992, sendo uma cervejaria de origem familiar. Com sua capacidade instalada de 40 mil litros/mês seus produtos são: Barley Weiss, Barley Âmbar, Barley Natural e Barley Cristal.

Fachada da Cervejaria Barley

                  Com muito entusiasmo e atenção nos recebeu o Cervejeiro da casa, Gustavo Schwarz. Muito pôde-se trocar informações cervejeiras! O nome Barley, em português significa Cevada – existe relação melhor do nome do estabelecimento com o objetivo final, que é a cerveja? Aliás, malte é o destaque, no caso, da Barley Natural, a qual pude degustar junto com a Weiss e a Cristal.





             A Cervejaria Barley localiza-se na Rodovia RS 240, nº 9980, km 23 em Capela Santana –RS. A mesma mantém um acervo de suas origens com fotos, equipamentos e alguns documentos, tudo o que já fez parte desde os seus primórdios. Nessa mesma área é possível realizar refeições acompanhadas dos chopes Barley, conforme agendamento, e realizar compras de brindes.







        

                 Por fim fica a definição da Cervejaria, agora minha definição, de que quem prova Barley nunca esquece! Ein Prosit Família Barley!

Acesse a página da cervejaria: www.barley.com.br